sábado, 31 de março de 2012

O BARBEIRO

O florista foi ao barbeiro para cortar seu cabelo.
Após o corte perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu:
Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana.
O florista ficou feliz e foi embora.
No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista.< br />Mais tarde no mesmo dia veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar, o barbeiro disse:
Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana.
O padeiro ficou feliz e foi embora.
No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro.
Naquele terceiro dia veio um deputado para um corte de cabelo.
Novamente, ao pedir para pagar, o barbeiro disse:
Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana.
O deputado ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir sua barbearia, havia uma dúzia de deputados fazendo fila para cortar cabelo.
Essa é a diferença entre os cidadãos e os políticos.

"Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão." (Eça de Queiróz)

NA PRÓXIMA ELEIÇÃO TROQUE UM LADRÃO POR UM CIDADÃO. CAMPANHA PRÓ-FAXINA DOS POLÍTICOS.

domingo, 25 de março de 2012

O MEDO DO VIRGEM

Diz a lenda que o medo é um sentimento de enorme inquietação ante a opção de um perigo real ou imaginário. O medo é uma merda mesmo; Podemos sentir medo tanto de fatos reais, como por exemplo, de um rato, de uma barata, de um raio que pode cair sobre nossa cabeça, de um cão bravo que pode morder nossa bunda ou da sogra que pode nos atacar, como também de coisas fantasiosas, além da estratosfera, tais como medo de fantasma, medo de políticos honestos, medo do medo, medo do escuro, medo do bicho papão, etc.
Quando estamos frente a frente com este maldito sentimento nossas mãos se congelam, nosso coração dispara, uma onda de calor percorre desde a saída do tubo digestivo até a nuca, a respiração se torna ofegante e quando tentamos falar cuspimos mais que cão enlouquecido.
O medo causa insegurança, baixo auto-estima e depressão.
Para o homem a fisiologia do medo se inicia nas amígdalas e termina no encolhimento do saco escrotal.
O maior problema deste sentimento é o medo de outras pessoas. Isto é cruel e parece uma maldição. O fóbico social tem dificuldade de se relacionar principalmente com o sexo oposto. O sexo oposto sempre vai ser para ele um monstro. Quando o sexo oposto se aproxima o fóbico abaixa os olhos, segura as mãos na frente da genitália como que para defendê-la e se tiver que falar alguma coisa não consegue bulhufas alem de um balbuciar respingado de saliva e, pernas para que te quero, escafede-se mesmo. Foge incontinente.
Meu amigo Donaldo dos Pomares é um desses tipos que vive se acovardando principalmente diante dos convites indecentes das meninas para tirar uns amassos debaixo do ededron.
Este meu amigo, pela educação sexual que teve quando criança, faz questão e preserva com unhas e dentes a sua virgindade. Foi incrustado nele o medo da dor da primeira relação sexual, das doenças sexualmente adquiridas e que são fulminantes levando o tarado ao óbito. Ele quase se caga todo de medo destas coisas e por isto optou por fazer os votos de castidade e celibato. É um virgem convicto.
A minha amiga Anacréia Ruela arrasta uma asa por ele e gostaria que ele lambesse um vagão de merda por ela. Mas tudo em vão; Ele é mais liso que bagre ensaboado, foge dos cercos que ela apronta.
Ela chora, a um canto, desconsolada, e ele, de medo, treme igual vara verde no outro canto. Ela pede a todos os santos um milagre de conversão e ele freqüenta assiduamente os terreiros de macumba para deixar seu corpo fechado. No fundo, no fundo ele curte certo encanto pela Anacréia, mas tem medo de perder a virgindade.
Um belo dia aconteceu uma festa de formatura. Ambiente propício para o assédio e envolvimento emocional. Umas cachaças na cabeça e pronto, tudo resolvido pondo o medo em debandada geral. Será que o cenário foi propício para a realização do fato? É uma incógnita.
O ambiente na penumbra era envolvido por uma música romântica dos anos 50 que deixava os mais brutos, românticos delicados. O vozeio do povo era um coral num ensaio geral.
E o donzelo espera nervoso a Anacreia chegar. Combinou com ela. Ele se sentia infeliz e inseguro ao meio de milhões de olhos gulosos que o despiam sem piedade. Queriam lambe-lo, queriam se saciar da beleza bruta que ele tinha. Queriam descabaçá-lo de qualquer forma.
E de repente ela chegou como uma mariposa doidivanas atraída pela luz; Infelizmente não a Anacreia, como ele esperava, mas uma voluptuosa, frívola e sensual deusa escultural. Seus cabelos caiam safados apalpando seus seios que quase escapuliam da blusa; Suas pernas, quase desnudas mostravam no andar destemido a vontade de um encontro. Tudo nela era lindo como se fosse uma deusa sedenta de sexo. Era o próprio capeta em forma de gente. E ela veio quase flutuando e, aos pouco se chegou, como quem não quer nada, mas querendo tudo, e tão perto ficou que seu hálito divino era um perfume tentador. Provocadora, com o dedo indicador tocando seu ombro, seus olhos verdes nos dele fixo e quase que suas coxas encoxando nas suas, em suave encanto de sua voz em canto, pergunta:
- Vamos dançar Donaldo?
Ele se encolhe, treme, abaixa os olhos, sua garganta seca, sufoca, quase se urinando de medo gagueja:
- Ah?! E foge tropicando entre as mesas perdendo-se na multidão, e a deusa escultural, boquiaberta, ficou plantada ali sem nada entender.
Mais tarde alguém o encontra escondido no banheiro e pergunta:
- Por que você fez isto com aquela linda mulher?
- Ela é muito nova. Deve ter uns quinze anos e me pegou de surpresa! E num suspiro prolongado, virando os olhos murchos para cima diz:
- Ah! Se eu tivesse coragem, teria comido aquela mina!
E o virgem se safou de mais uma!

por: Mario dos Santos Lima

terça-feira, 20 de março de 2012

BEIJA-ME

Beija-me... beija-me num beijo sem fim...
Deixa que os seus lábios repousem nos meus...
Deixa que meu corpo enlaçado no seu
Se perca em delírio e êxtase assim...

Que importa da vida e o que nela existe?...
Esquece tudo... beija-me amor, beija apenas
com este amor sublime que pra nos consiste
num sonho dourado que vem as centenas...

Beija-me amor, que o seu beijo me faz
esquecer as dores e os penares da vida...
Que me importa o resto se eu encontro a paz

quando você me beija?... ah! se você soubesse
o que sinto quando nos meus braços vencida
num beijo seu corpo no meu estremece!

por:Mario dos Santos Lima

domingo, 18 de março de 2012

O SOLIDÁRIO VIZINHO

Minha mãe, pelos atos e fatos, bem que poderia ter pertencido à associação das mulheres protetoras dos animais. Era zelosa e prestimosa com os irracionais. Fazia com amor e desvelo.
Escrevo isto porque presenciei certa feita, minha mãe costurando o lombo de uma penosa que tinha sido estuprada por um enorme e tarado galo de espora grande e afiada. Em outra ocasião, minha mãe, sem qualquer estudo na área de medicina, recuperou pacientemente fazendo fisioterapia num gato que nasceu troncho. E eu amei quando a vi fazendo de palito de fósforo uma tala, deixando um pássaro preto com suas finas pernas em condições de uso.
Ela amava incondicionalmente os animais dedicando carinho especial quando principalmente algum deles vinha até ela suplicando ajuda.
Ela só não se embrenhou nas florestas porque tinha seus filhos para cuidar e educar.
Na redondeza, onde ela morava, todos a conheciam como o anjo bom dos animais.
Um dia, ao tentar atravessar a estrada um tatu fêmea e seus 4 filhotes foram atropelados por um caminhão. O motorista freia desesperado o caminhão, e volta correndo para ver e acudir a família que jazia esmagada no chão. Apenas uma criança escapou. Ela chorava esfaimada tentando buscar uma teta no meio de uma carcaça esmagada.
O motorista em lágrimas pega o tatuzinho e de imediato lembra-se da salvadora, do bom anjo dos animais, a dona Maria.
- Dona Maria, este tatuzinho precisa de seus cuidados e alimentação. Contou a tragédia para minha mãe e foi embora.
Minha mãe acolhe o pequeno bebê tatu galinha com cuidado esmerado, e de imediato pega um conta gota e começa injetar na goela dele porções de leite.
O tatu foi crescendo cercado de cuidados, sempre dentro de casa numa caixa grande de papelão forrada de panos.
Para aquele animal minha mãe era sua mãe. Ela pegava-o no colo toda vez que ele choramingava a um canto pedindo comida. Dava bichinhos, frutas e leite, e passava carinhosamente o dedo indicador na cabeça do tatu que fechava os olhos no ato de aceitação.
E o tatuzinho cresceu e foi levado para o lado de fora da casa e solto livre no jardim.
Ele feliz começou a cavar alguns buracos, mas sempre vinha até a boca receber a aprovação de minha mãe. Ela batia palmas para ele e conversava conversas tantas que só os dois entendiam. Minha mãe era uma poliglota, pois além do português e polonês ela falava e entendia bem o conversar tatuguês.
Todos os dias o tatu fazia-se presente na boca do buraco esperando o alimento que minha mãe trazia, e os dois batiam felizes aquele papo animal que só ele e minha mãe compreendiam.
O vizinho da casa de meus pais trabalhava com máquina escavadeira na prefeitura e era muito atencioso e solidário. Sempre pronto para o que desse e viesse.
Um dia meus pais tiveram que viajar e, é claro, recomendaram ao vizinho os cuidados da casa, mas esqueceram de recomendar ao vizinho a atenção ao tatu.
Minha mãe, antes de sair, preparou o lanche do animal para dois dias e água suficiente. Conversou o conversar de sempre fazendo algumas recomendações ao bicho. Foi um papear de despedida.
Mas viajou tranqüila.
Voltou saudosa e quase caiu de costas quando viu o muro da casa derrubado e enormes escavações pelo jardim.
Aflita procurou por entre os buracos o seu tatu. Chamou e gritou por ele. O eco de sua voz suplicante perdeu-se sem resposta na imensidão.
E aparece no portão o vizinho, como se fosse um herói , segurando numa das mãos o seu troféu e garganteia.
- Dona Maria, cuidei bem da sua casa, mas tive que agir em defesa do seu patrimônio; todo orgulhoso inicia seu papo dos efeitos heróicos praticados aguardando, quem sabe, uma medalha de honra ao mérito.
E continuou a descrição de sua aventura protetora.
- Vi alguma coisa estranha em movimento em seu quintal - enfeitava a descrição para dar maior valor ao seu ato, e continuou a narrativa:
- O bicho parecia perigoso e por isto peguei minha espingarda e descarreguei no lombo dele vários tiros. Mesmo ferido o monstro se escondeu em algum buraco – suspirou um pouco para dramatizar a história e continuou:
- Tive que buscar a retro escavadeira para desenterrar a fera.
Parou a narrativa, ergueu o troféu com a mão direita e se aproximou de minha mãe dizendo:
- Como prova da verdade que digo cá está a carcaça; a carne eu comi.
Minha mãe petrificada olhou aquilo na mão do filho de uma puta; Identificou aquela peneira reconhecendo o querido tatu que ela dedicava tanto amor e carinho. Não suportando a dor, deixou duas lágrimas rolarem pela sua face.

por: Mario dos Santos Lima

segunda-feira, 5 de março de 2012

UM LADRÃO ASSUSTADO

A noite descia célere, escorregando pelas encostas, engolindo o sol que tristemente morria por trás das colinas. A estrada poeirenta, sulcada pelo rodado dos poucos carros e carroças que por ali trafegavam, era contornada por uma renda verde de capim que passava rasteira por debaixo da cerca de arame farpado e ia brincar com as pernas dos muares e bovinos que ainda teimavam na pastagem.
O trote apressado mostrava a angustia do viajante em querer chegar logo ao destino.
Sem apear abriu a porteira, e mais perto do rancho bateu palmas e gritou:
- Oh de casa!
O rancho de barro batido e coberto de palha, sombreado e amparado por dois coqueiros retorcidos pelo vento, era o único que reinava pelas cercanias, e por esta razão sempre tinha um viandante que cansado ou com fome pedia um abrigo.
A porta se abre gemendo, se arrastando pelo chão batido. De pé, com a mão no batente da porta, como se quisesse escorá-la, uma senhora gorda, grisalha, com outra mão no sobrolho em proteção do sol, olha demoradamente o cavalheiro que chega, e diz:
- Vamos entrando seu moço!
Ele apeou, livrou o eqüídeo dos arreios e soltou-o no pasto contiguo. Pegou o arreamento e sua espingarda e adentrou a choupana.
- Aqui não precisa desta coisa não, meu senhor, diz um velho sentado a um canto.
- Esta é a minha proteção, respondeu de pronto o viajante. Olhou a espingarda demoradamente, deslizou cuidadosamente sua mão em carinho pela coronha e a fez descansar encostada na parede.
O jantar transcorreu-se num religioso silêncio. Ouvia-se o raspar das colheres mendigando comida no fundo das gamelas. O lampião fumegante iluminava parcamente o ambiente. O fogo no fogão de taipa crepitava cansado.
Lá fora a noite era clara e quente. A lua brincava com as estrelas na imensidão distante. Uma coruja piou agourenta num pau seco lá mais adiante.
O velho abraçou sua viola e sentou-se num toco do lado de fora. Olhou demoradamente a lua, cismou com alguma coisa e num dedilhar suave cantou canções tristes e saudosas.
O cavalheiro ao pé da porta ouviu alheio algumas canções e sem fazer qualquer comentário pegou a lamparina e se recolheu no quarto preparado para ele.
Pelas frinchas das paredes o luar iluminava mais que a própria lamparina e por isto resolveu apagá-la. Pelo tamanho das fendas a janela parecia uma grade.
Em cima do catre tinha um colchão de palha que cuidadosamente foi remexido.
Colocou a espingarda do lado da cama e estendeu seu esqueleto cuidadosamente por cima do colchão.
A coruja já não piava mais, apenas alguns cachorros vadios uivavam em serenata para a lua.
De olhos fechados rendia-se ao sono quando de repente um barulho estranho fez se ouvir. Abriu os olhos e ficou atento.
Um vulto do lado de fora, iluminado pelo luar, tentava abrir a janela.
Esfregou os olhos para ficar certo de que não estava sonhando e, vagarosamente sentou-se na cama pegou a espingarda e aguardou o desfecho.
Pelo processo insistente o viajante entendeu que o vadio queria mesmo concluir a operação e invadir, sabe lá deus por qual razão o quarto dele.
Revestiu-se de raiva, mas com muita cautela preparou a sua arma. Posicionou-a a um palmo da cabeça do intruso. Queria apenas dar um belo susto no ordinário. A alça da mira passava pela fenda e o miserável nem percebeu.
Ouviu-se primeiro um cleck e em seguida ao forte clarão a carga de pólvora deflagrada originou um tremendo disparo.
O estrondo ecoou por todos os lados. O uivar dos cachorros assustados dava o toque final da confusão. A coruja sonolenta voou. A lua que calmamente descansava rapidamente se escondeu por entre nuvens. Enquanto a fumaça se dissipava no quarto o viajante viu duas figuras de olhos arregalados, assustados na porta de seu quarto. Gaguejando o casal de velhos pergunta:
- O que aconteceu?
- Meu anjo protetor vomitou chumbo num invasor filho de uma puta.
O casal de velhos não quis acreditar imaginando que o viajante acometido por sonambulismo tenha atirado a esmo.
Logo de manhã, num trote acelerado lá na curva da estrada desaparecia o viajante que ainda se deu ao trabalho de erguer a mão num adeus agradecido, e na cerca de arame farpado, logo adiante, via-se enroscado um pedaço de roupa, provavelmente da calça e um pedaço de carne, provavelmente da perna de algum apressado.

por: Mário dos Santos Lima

ADEUS

Inutilmente esperei ouvir que me chamasse...
Inutilmente... e assim como nada mais existe
Entre nós... tudo acabado, vou caminhando triste
Além da ponte na esperança q’esta dor infinda passe...

Pr’ atras nem me atrevo olhar... inútil são meus prantos...
Tantos foram que chorar já nem consigo mais...
Te implorei... mil planos fiz... foram loucos, foram tantos
De tanto amor que eu tinha não te esquecerei jamais...

Meu caminhar é trôpego... tenho visões de louco...
Te vejo na escuridão imensa, toda contente
Querendo me abraçar... mas, a visão, pouco a pouco

Desaparece e assim, apenas, dos sonhos tantos
Ficou a saudade enorme de cada momento ardente
Que vivemos os dois... e meus olhos se cobrem em prantos.

por: Mario dos Santos Lima