domingo, 14 de maio de 2017

MINHA DOCE MAEZINHA - HOMENAGEM PÓSTUMA

A separação é como um elo que se rompe, como uma parte boa de nós arrancada que se perde em pedaços irrecuperáveis. É uma interrupção que causa um desconforto, um mal estar deixando um vazio enorme e uma tristeza que não tem fim. Nossa mãezinha como um anjo partiu suavemente desta vida bem ao seu jeito, abençoando a todos e com uma expressão feliz no rosto. Seu corpo frágil, debilitado pela enfermidade, pelas dores cruéis que sofria foi vencido e sucumbiu ao peso da morte. Nós ficamos tristes, pois se foi a alegria de seu sorriso; foi com ela seu humor irreverente e no fechar de seus olhos foi se embora a eterna mãe sempre preocupada com seus filhos e com seu querido velho Chico. Gritei por Deus e em vão procurei uma justificativa uma explicação, pois a emoção muito maior que a razão me tapou o raciocínio lógico. Aos poucos, rosto lavado pelas lágrimas, entre soluços, inconsolável bradei ao Senhor que me mostrasse, pelo menos mais uma vez a minha querida mãezinha. Ele atendeu. Uma luz muito forte, brilhante num primeiro momento tornou-me cego e aos poucos fui me recuperando e fiquei fascinado pela visão deslumbrante que se me apresentou. Uma verdadeira pintura foi o que vi. Era um lugar muito lindo. Via-se ao fundo uma serraria e um pouco para frente uma casa grande com sótão com as janelas semi abertas. Um riacho de águas limpas serpeava por entre as grotas e se perdia distante banhando a floresta verdejante de pinhais e erva mate. Parecia um dia de festa. Muita gente rindo, conversando alegremente. Fizeram um corredor enorme enquanto o apito da serraria soava sem parar para receber a ilustre e tão esperada Marina. Ainda aturdida pela morte e preocupada com o pessoal que chorava a sua volta ficou por momento inerte. A sua frente um pessoal festivo que aguardou impaciente sua chegada e para trás seus filhos, esposo e amigos inconsoláveis com sua partida. Passou carinhosamente a mão pela cabeça do pai tentando confortá-lo e amparou cada um que a volta de seu corpo sem vida rezavam a Ave Maria. Veio ao seu encontro o vô Silvestre e a vó Rosália acompanhada pela Alice que disse: - Oi dona Maria, que bom que a senhora veio, estamos felizes por isto. Vamos cuidar da senhora. A mãe Rosália pega com ternura em suas mãos e o seu pai diz: - Vem despreocupada, pois eles vão ficar muito bem e amparados, dizia isto enquanto ainda a mãe olhava para seus entes queridos ao lado de seu corpo já sem vida. E ela olhou consternada mais um pouco para o pessoal que chorava a sua morte e foi, e muito feliz ficou ao ouvir do seu pai que o baile lá na sala da casa estava preparado e que ele queria dançar a primeira valsa com ela. Vamos, vamos Maika, pois temos muita coisa para fazer. E a mãezinha muito feliz passou pelo corredor de gente abraçando cada um festivamente. Tio Lúcio foi o primeiro e disse quando a abraçava: - Não fui em vida morar com você, mas acompanhei feliz o teu crescimento, a tua abnegação e o teu amor incondicional para o cunhado Chico e para meus queridos sobrinhos. Tio Boles ria feliz. tio Valdo, tia Irene, tia Salca tia Amália tio Carlito cercando a irmã que acabara de chegar cada um a sua maneira queriam mostrar as coisas lindas daquele local a fim de deixá-la mais a vontade. Até o vô Moises, com tio Altino, tia Julinda, tio Ruy e tia Nena vieram abraçá-la. Assim Deus na sua infinita sabedoria mostrou para mim conforme meu entendimento a outra dimensão da vida. Mostrou a imensa alegria da recepção e da chegada do espírito ao se desprender deste mundo. Eu não vi o baile, mas vi meu avô gritando pelo pátio da serraria convocando o pessoal.