sábado, 3 de setembro de 2016

COXINHA OU MORTADELA?

Tiro a máscara Escondo-me entre quatro paredes que hermeticamente fechadas abafam meus gritos de impropérios contra os fundamentalistas de qualquer ideia filosófica, contra os cínicos hipócritas defensores de classes, de gêneros, de raças, mas o meu grito maior é renegando todas as sufocantes crenças. As paredes moucas engolem todos meus gritos, e passivamente aceitam, sem reação, meu último apelo: “puta que os pariu! Que merda é essa?” Agora sinto-me bem. Calmamente respiro e abro o cubículo. Recoloco a máscara e com um sorriso pendurado no canto da boca entro no primeiro boteco. Peço um pão com mortadela acompanhado de uma deliciosa coxinha. Como a coxinha e saboreio por último o pão com mortadela. As pessoas, a minha volta, acompanham incrédulas à minha voraz glutonaria, e irritados, aos gritos, perguntam: - Porra! De que lado você está? Não me alterei. Refestelei-me com o que restou da mortadela e coxinha, limpei os lábios com a manga da camisa e saí, mas antes de sair coloquei a máscara de filósofo e disse: - O muro tem dois lados, e ambos os lados estão certos; O que está errado é estar em cima dele. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA