quinta-feira, 17 de novembro de 2016

CORRENDO ATRÁS DO VENTO: URUBU NO CINEMA

CORRENDO ATRÁS DO VENTO: URUBU NO CINEMA: Estes animais empenados, que vivem soltos pelas alturas, chamados urubus, são feios e sujos, mas com muitos truques para sobreviver no se...

Mario dos Santos Lima

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

RÚSTICO

O sol descambando no horizonte cansado atropelava algumas nuvens, e pintava o céu num tom escarlate que ia morrer num amarelo desbotado. As aves em revoada, como que respingando de negro a tela do infinito, buscavam afoitas seus galhos aqui e acolá. O caboclo puxou a última enxadada, descurvou-se, arredou um pouco para trás seu chapéu de palha e com a manga de sua camisa desbotada enxugou o suor que marejava em seu rosto da mormaceira do dia. Olhou absorto, por um largo tempo, aquele cenário da natureza, sorriu, fechou os olhos e fazendo um sinal da cruz agradeceu ao Criador pelo dia de trabalho e pela lindeza do entardecer. Pegou o embornal com a marmita que sua cabocla tinha preparado, ajeitou a enxada no ombro e pegou o rumo da palhoça. Assobiou uma canção qualquer enquanto caminhava. Suas passadas firmes fincavam marcas na poeira da estrada. Sua casa apareceu, mais adiante, na curva da estrada fazendo parte da pintura daquele morrer de dia. Era uma cena bucólica: - o caboclo na estrada e sua cabana mais alem ao entardecer Enquanto se aproximava foi admirando a paisagem detalhadamente, como se tivesse degustando um vinho precioso. Tudo para ele era belo, um sonho encantado. Olhava feliz para os dois coqueiros que envergados pelo vento pareciam reverenciar a sua casa. Olhava os canteiros floridos que faziam o contorno de sua casa. A fumaça que saia da chaminé, e se perdia bêbada pela amplidão, anunciava que dentro daquela casa tinha alguém que o esperava. Olhou e sorriu. Notou mais adiante, no sitio visinho que os bois em fila se recolhiam aos currais. O mundão para ele era tudo aquilo, nada mais desejava, nada mais lhe faltava. Tudo era mansidão e paz e ele sentia-se o homem mais feliz do mundo. Quando já perto chegava, uma criança abriu a porta e de braços abertos, passou correndo pelo semi aberto portão seguida pelo seu guapeca. Vinha feliz, gritando em sua direção, anunciando: - Mamãe, mamãe o papai ta chegando! O caboclo contente, também de braços abertos, se ajoelhou para ficar na mesma altura e esperou pelo abraço gostoso que chegava de seu filho. O cachorro de rabo abanando permaneceu ladrando a sua volta, Na porta da palhoça a cabocla, de avental, sorrindo viu se repetir, de tantas, mais uma vez, esta linda cena. Num abraço apertado os dois permaneceram, pai e filho, por algum momento em silêncio como se fosse o regresso de uma longa ausência. O cachorro então, parecendo entender, apenas gania baixinho. O caboclo levantou-se, pegando no colo seu filho, que em mil perguntas queria saber tudo o que aconteceu com o pai naquele dia. Passou a mão calejada na cabeça do pulguento e rumou para casa. Na soleira da porta abraçou sua cabocla. A casa era singela de paredes e assoalho em madeira lavrada coberta de sapé. Uma mesa tosca, com quatro cadeiras em palhinha, era a mobília mais importante presente que fora dado por um compadre seu. Na parede, assentado numa cantoneira, um rádio antigo, valvulado tocado a bateria era a única modernidade daquela família. Um quadro antigo da sagrada família estava pendurado na outra parede abençoando o ambiente. Um lampião a querosene deixava rastros de fumaça na parede onde estava pendurado. O quarto era contiguo a cozinha onde acomodava o casal e seu filho nas camas toscas coberta de colchão de palha de milho. A lata de água no fogão a lenha de taipa para o banho já estava quase borbulhando. As panelas de ferro já anunciavam que o jantar logo estaria pronto. Pegou o machado atrás da porta, verificou o fio e foi cortar um pouco mais de lenha. Empilhou-a no puxado ao lado do poço. Com o sarilho tirou alguns baldes d’água enchendo a tina que estava dentro da cozinha. Conferiu as galinhas no galinheiro fechando-o cautelosamente. Deu uma rápida olhada no leitão que engordava no chiqueiro, quando então, escutou a voz de sua cabocla: - A água já tá quente, amor! Anunciou ela; A noite já se apresentava vestida de estrelas no brilho do luar que se perdia na amplidão. O caboclo entrou, acendeu o lampião da cozinha e levou a lamparina para o lugar do banho. Desceu na roldana o balde de chuveiro, colocou a água fria e em seguida a água quente dosando a temperatura; Ergueu-o na altura adequada, amarrando a corda num prego de caibro que se encontrava cravado na parede. O caboclo sentou-se à mesa, e em seguida seu filho. A cabocla carinhosamente serviu o jantar e sentou-se também. Na mesa o feijão, o arroz, a farinha de mandioca e o frango tudo do processo do próprio sítio. Um breve silêncio, e a voz de barítono do caboclo elevou-se em oração de bênçãos, e agradecimento pelas coisas que tinham. Num banco tosco, ao lado de fora recostados na parede os três conversavam tomando banho de luar admirando as estrelas ao som da orquestra da zoina dos mosquitos, dos grunhidos do porco no chiqueiro, do pio das corujas e do muar das vacas nos currais mais distante. Tudo era melodia quando então o caboclo para completar a sinfonia pegou sua viola e começou a cantar uma modinha qualquer. Seu filho, que brincava com o cachorro, sentou no banco ao lado da mãe para se deliciar com as canções de seu pai. Sua toada, na voz melodiosa foi além da cerca, além dos currais, perder-se no horizonte escuro. Quando viu o filho adormecido no regaço da sua cabocla cantou, com alegria e muito amor, sua última canção. Esta música foi como uma oração que ele dedicou ao seu criador antes de se recolher. Apagou-se o lampião. Tudo agora dorme na sinfonia surda do silêncio, apenas o vento, do lado de fora, brinca nos ramos verdes do coqueiro que se curva ainda mais. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

COMO MORREU JESUS CRISTO

Eu e a Inca tínhamos terminado a nossa catequese para a primeira comunhão em Arapongas. Estávamos bem preparados e doutrinados com nossas rezas afinadíssimas para receber Jesus na comunhão. O pai neste meio tempo resolveu mudar-se para Presidente Venceslau. Chegamos às vésperas do Natal na hospitaleira e pacata cidade de Venceslau no final do ano de 49. As ruas sem calçamento com a grama por fazer era desenha graciosamente com dois sulcos, bem ao centro em areia deixados pelas poucas conduções que por ali transitavam. Tudo anunciava a tranqüila vida que existia por ali. Já de chegada no primeiro domingo o pai nos levou a Igreja para nos apresentar ao padre. Todo orgulhoso já foi contando vantagem de que seus dois filhos mais velhos estavam preparados para a primeira comunhão. Frei Dionísio não duvidou e até abençoou, mas como São Tomé que era pediu para que eu e a Inca viéssemos já na segunda, na casa paroquial para o exame de praxe. Eu e a Inca demos mais algumas repassadas nas orações e lá fomos nós para o exame confiantes da aprovação. Primeiro fui eu, sem qualquer problema fui aprovado conseguindo assim o aval para receber o Cristo e com isto salvo do fogo eterno. A Inca foi logo em seguida. Fiquei por ali para no caso de dúvida dar uma ajudinha se fosse necessário. Frei Dionísio apresentava um grande problema estrutural de esqueleto; Tinha o pescoço fiincado no tronco sem a dobradiça que permite o indivíduo movimentar a cabeça de um lado para outro livremente – Era tudo fixo sem movimento algum - e com isto para ele olhar para qualquer um dos lados tinha que mover toda a carcaça também. Sabendo disso me pus estrategicamente atrás do Padre para poder com sinais de braços, mãos, dedos e boca ajudar a Inca na hora do sufoco. O Frei pergunta uma coisa e a Inca de pronto responde; manda rezar o pai nosso que na época era o padre nosso e a Inca tira de letra. Manda fazer o sinal da cruz e ela o faz com maestria. Quando já estava por terminar o interrogatório ele pergunta para a Inca: - Minha filha, como última pergunta quero que me responda como morreu Jesus Cristo o filho de Deus. A Inca pensou, pensou, olhou de um lado e olhou de outro e finalmente, desesperada olhou para mim. Eu fiz com os dedos indicadores o sinal da cruz e com os lábios eu repetia, repetia pausadamente: - Morreu na cruz. E a Inca, branquelinha, de cabelos loiros compridos, suando frio estava perdidinha da silva num longo e cruel silêncio. O frei olhando no relógio, coçando a cabeça e ajeitando a batina resolveu dar então uma ajudinha e com isto acabou matando a charada para a Inca: Pense minha filha – falou o frei no desejo ardente de ajudá-la. Pense em alguma coisa bem triste muito triste mesmo. Pense em alguma coisa cruel. A Inca com o dedo indicador na ponta da boca e de olhos virados para o alto começou a divagar em pensamentos tantos. Pensou, pensou muito e de repente veio na lembrança dela uma cena muito triste que tinha presenciado algum tempo passado. Estávamos em Apucarana, voltando do Hospital quando da visita à mana Laura que tinha sido operada de apendicite. Estávamos acompanhados do papai. Ao virarmos uma esquina deparamos com uma cena que nos chocou. Estavam ali adiante quatro pirralhos de chacota com um bêbado que prostrado caído na valeta não podia fazer nada contra aqueles monstros que também jogavam pedras gritando: - Morra seu bêbado vagabundo, filho de uma puta. Nosso pai imediatamente afugentou aqueles vadios indo solícito acomodar melhor o bêbado na calçada. Na volta pra casa comenta: - Vocês viram que coisa mais triste?! Coitado daquele homem ia morrer bêbado e apedrejado por aqueles moleques sem vergonha!!! A Inca ainda estava por estes pensamentos quando o frei a interrompeu: - E daí minha filha, qual é a resposta? Eu fiz mil sinais da cruz para avivar a sua memória; Só me faltou, imitando a voz dela como um ventríloquo responder a questão, mas nada disso adiantou, ela de chofre responde: - Morreu bêbado e apedrejado. Frei Dionísio se transfigurou, arregalou os olhos como se tivesse visto o capeta não acreditando no que acabou de ouvir; benzeu-se todo jogando água benta por cima da Inca e aos berros mandou o coroinha imediatamente chamar o nosso pai. O pai chegou todo assustado e o frei alucinadamente disse: - Só não vou excomungar vocês porque não tenho poder para tanto, mas vou passar uma baita penitência para ser cumprida para que este sacrilégio possa ser apagado. Meu pai aceitou a penitência contrito e sem entender a tremenda bronca recebida. Quando de volta para casa é que relatei o que aconteceu, pois o frei não se atreveu a repetir para o pai as palavras que a Inca tinha proferido com medo de ser devorado por um raio ou ir morar eternamente nas profundezas do inferno. A Inca só foi receber a primeira comunhão um ano depois quando já o frei Dionísio não mais estava na paróquia. Toda vez que ele passava por ela fazia o sinal da cruz e tremendo de medo mudava de rumo. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

ORGASMO DO JOU DU MOULIN

Você já foi acometido de orgasmo jogando trilha? Se a sua resposta for não, com certeza não viveu, não adentrou por lindos momentos na vida; simplesmente está passando em brancas nuvens por este mundo. Tenho dó de você! Eu joguei muita trilha e meu prazer, fazendo isto, chegou ao alto grau de excitação.. Outro dia perambulando por aí dei de cara com um tabuleiro velho de trilha, ou como se diz em francês: jou du moulin. Era em papelão, mas já com seus cantos carcomidos e suas linhas esmaecidas. Por certo foi muito usado, e tem muitas histórias incrustadas nele. Estava jogado tristemente a um conto da calçada. Peguei-o com cuidado, e assim, em minhas mãos, olhando-o demoradamente, remexeu em mim as boas e doces recordações. Sentei-me a um canto, na calçada, nem sei se de cansado ou hipnotizado pelo achado, mas só sei que meu olhar, num passe de mágica, atravessou o tabuleiro velho de trilha, e foi morar feliz, lá distante, no meu tempo de meninice. Fui parar em outra dimensão. Lá estava eu, moleque, ao lado de minha mãe sempre linda e sorridente como era do feitio dela. Minha mãe era especial. Ela era mestre em estratégia educacional para pirralhos lampinhos. Sabia, como ninguém, com maestria manter a petizada reunida a sua volta. A cena era linda! Chamou cada um para as lições de casa enquanto tricotava uma peça qualquer dizendo: - Quem terminar primeiro vai jogar uma partida de trilha comigo. Jogar trilha com minha mãe era a coisa mais importante, o clímax da alegria para mim e para minha irmã, e eu sempre terminava primeiro. Minha irmã me ajudava no jogo, e depois eu ajudava a minha irmã para tentar vencer a grande mestra da trilha. A luta era inglória, mas a alegria de estar jogando com ela era o que de melhor a gente tinha e usufruía. Enquanto eu fazia a tarefa escolar olhava às vezes para minha mãe a um canto tricotando, e outras para o jogo que me aguardava. O tabuleiro de trilha, riscado com capricho pela minha mãe, estava a postos na mesa com os nove grãos de feijão e de milho esperando pelo grande embate. Eu acho que o tabuleiro se divertia, porque sabia que, por mais que eu ou minha irmã se esforçasse, a grande vencedora seria sempre ela, a polaca linda dos olhos azuis. A gente também sabia que ela poderia ganhar rapidamente, mas amorosamente sempre simulava uma dificuldade, ou colocava de propósito uma pedra em local errado só para a peleja ser mais excitante para nós. Algumas vezes ela perdia, e mesmo sabendo que era de mentira a gente feliz ia dormir. Lá estou eu jogando e vendo minha mãe toda contente por poder estar junto com seus filhos passando conselhos, contando histórias e se divertindo tal qual uma menina. Eu tenho certeza de que, se a trilha fosse um jogo oficial das olimpíadas, a minha mãezinha seria sempre a campeã indiscutivelmente. Parece que estou ouvindo-a dizer quando nos via perder a paciência em jogo: - Meus filhos, o jogo é tal qual a vida; nós temos que ter conhecimento, paciência e persistência nas coisas que fazemos. E ela continuava: - As habilidades, com o passar do tempo, nos dão a competência de ser alguém de sucesso, de fazer acontecer às coisas que almejamos, de jogar bem para vencer ou reconhecer na derrota a competência do outro, para assim melhorar sempre e sempre. Tudo depende exclusivamente de nossa vontade, do nosso querer, de nossa aceitação. O sorriso dela para nós foi sempre como uma benção divina. Vejo-me neste instante jogando com ela, mas... Alguém bate no meu ombro pedindo uma esmola e me trás de volta à realidade. Olhei para ele, quis ficar bravo, mas me contive. Dei a ele a coisa mais preciosa que tinha na mão. Ele pegou o tabuleiro de trilha, olhou com ar de recriminação e dizendo impropérios pinchou-o no chão. Incrédulo pelo ultraje que cometia aquela pobre alma eu pensei: - Por certo este cara nunca teve orgasmos jogando trilha com a mãe dele. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

sábado, 3 de setembro de 2016

COXINHA OU MORTADELA?

Tiro a máscara Escondo-me entre quatro paredes que hermeticamente fechadas abafam meus gritos de impropérios contra os fundamentalistas de qualquer ideia filosófica, contra os cínicos hipócritas defensores de classes, de gêneros, de raças, mas o meu grito maior é renegando todas as sufocantes crenças. As paredes moucas engolem todos meus gritos, e passivamente aceitam, sem reação, meu último apelo: “puta que os pariu! Que merda é essa?” Agora sinto-me bem. Calmamente respiro e abro o cubículo. Recoloco a máscara e com um sorriso pendurado no canto da boca entro no primeiro boteco. Peço um pão com mortadela acompanhado de uma deliciosa coxinha. Como a coxinha e saboreio por último o pão com mortadela. As pessoas, a minha volta, acompanham incrédulas à minha voraz glutonaria, e irritados, aos gritos, perguntam: - Porra! De que lado você está? Não me alterei. Refestelei-me com o que restou da mortadela e coxinha, limpei os lábios com a manga da camisa e saí, mas antes de sair coloquei a máscara de filósofo e disse: - O muro tem dois lados, e ambos os lados estão certos; O que está errado é estar em cima dele. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

terça-feira, 30 de agosto de 2016

ORAÇÃO DA NOITE

Naquela noite eu saí da sala de aula, antes de seu término, iracundo, espumando pelas ventas. Normalmente sou tolerante, mas aquela turma extravasou qualquer limite de tolerância naquela conturbada noite. Se tivesse que indicar alguém para qualquer cargo administrativo ou gerencial eu os condenaria completamente. Era o sexto período de administração de um bando de moleques travessos e irresponsáveis! Eu caminhava, a passos largos até a secretaria a fim de entregar o livro de chamada e justificar a não de minha presença junto aquele bando de desordeiros. Na época fiquei realmente bravo considerando uma tremenda falta de respeito, coisa sem propósito, mas hoje eu reconheço que eles foram, além de ridículos, atrevidos e ousados. Ao lembrar a cena hilária não consigo prender o riso. Fico imaginando cá com os meus botões que provavelmente se estivesse estudando junto com eles provavelmente teria experimentado do mesmo sabor daquela balburdia. Agora estou me recordando que naquele dia preparei com esmero e carinho a aula de produção para aquele sexto período. Saí com um pouco atraso de casa e com isto entraria em sala com alguns minutos depois do início. Cheguei esbaforido a Faculdade. Atravessei os corredores para alcançar a sala e percebi que naquela noite as outras turmas por onde eu passava aconchegavam espremidos na porta alunos contagiados de uma alegria sem par. Pareciam cães tarados farejando cadelas no cio. Acotovelavam-se com as cabeças no corredor curiosos e ansiosos olhando para a sala em que eu estava por chegar. O murmúrio era tanto que o vozeio perturbava todo o ambiente. Estranhei, fiquei curioso, mas me coloquei avante. A sala foi se aproximando perigosamente à medida que meus passos engoliam o corredor. A luz lá fosca e avermelhada me deu a sensação de estar indo para um lugar proibido. Verifiquei primeiro, com um beliscão no braço se realmente estava acordado e medrosamente me vi no umbral da porta de entrada. O que vi é indescritível, mas vou tentar relatar. A sala parecia um amplo dormitório. Aquelas meninas todas nas suas transparentes camisolas, algumas minúsculas deixando lindas tetas quase de fora abraçando sensualmente seus ursinhos de dormir. Suas pantufas lilás ou rosa choque naqueles pés delicados perturbavam meus olhos que safados se deliciavam lambendo suas lindas cochas morenas. Deveria ter alguns machos por entre elas que por certo desmunhecaram, mas eu nos os vi e nem fiz questão para tanto. Apenas meus olhos se deliciavam e bolinavam aquelas maravilhosas sereias. Musas infernalmente tentadoras. Foram momentos que quase me levaram ao mais alto grau de excitação olhando tudo aquilo, mas a responsabilidade e o bom senso me acordaram, e então pude, livre de toda a emoção, de todos os calafrios por que passava meu corpo analisar friamente avaliando aquela esbórnia. A empresa contratada para a formatura estava a postos em diversos ângulos com suas potentes máquinas filmadoras e fotográficas. Por certo o material depois de revelado deve ter saído uma bosta visto que estes tarados profissionais estavam abundantemente babando muito mais que trabalhando apreciando aquelas bundas, aqueles peitos e aquelas cochas. É justificado, pois concordo que ninguém é de ferro. Por momento petrificado, confesso que também babei, mas me refiz e adentrei sala para tomar conhecimento da desordem, e entendi ali o porquê de toda a Faculdade estar ouriçada também. - O que significa isto? Perguntei numa voz esganiçada. - Estamos filmando para a formatura, responderam-me em coro e continuaram: - Queremos aula! Quase perguntei se aquele era um curso de administração ou de sacanagem, mas me contive e disse: - Eu acho que vocês estão mais para dormir que receber conhecimentos, justifiquei. Por alguns momentos não sabia se saia correndo, se ia até minha casa buscar meu pijama ou... - Bem pessoal, com minha voz de comando completei: - Quero todos de joelho! Vamos fazer a oração da noite! Incontinente todos se puseram de joelho, ao lado das carteiras repetindo a oração da noite comigo. Eu acho que Deus também gostou muito em ver aquelas lindas criaturas mal vestidas mostrando suas belas formas. Quem não gostou mesmo foi o Diretor que não sendo convidado para a festa aplicou na turma uma semana de suspensão. OBS. Deixo de mencionar data e a instituição. Aquele que foram meus alunos na oportunidade com certeza ao lerem lembrarão do fato que por certo está registrado nos seus álbuns de formatura. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

CARTA AO MEU PAI

Carta ao meu querido e eterno pai. Meu querido, lindo e anjo pai Francisco, Respeitosamente e humildemente rogo-lhe proteção. Era meu desejo que esta carta encontrasse-o muito bem de saúde, mas Deus precisava de um guerreiro, de um valente homem cheio de fé e caridade junto Dele, e o levou. Ao escrever esta carta estou rogando ao Criador de tudo e de todos que na sua infinita bondade e eterna misericórdia acolha-o junto Dele, e derrame muita paz, muita luz e muito amor em nossas vidas. Poucos são aqueles que tiveram o privilégio do pai presente aos 100 anos, e nós tivemos. Agora temos uma luz muito forte que brilha lá no alto e nos protege. Vamos então festejar o maravilhoso dom da vida cheia de amor, de exemplos mil que o nosso pai nos deixou. A solenidade que nós, seus filhos, sobrinhos, netos, irmão e amigos, iriamos celebrando seria um justo tributo aos seus 100 anos de vida. Vida primorosa; vida permeada de exemplos; vida de eterna responsabilidade com tudo e com todos; vida incansável na luta pelo bem, pela caridade, e pela constante preocupação em nos encaminhar pela vereda do bem, do respeito à pátria, pelo reconhecimento e culto aos mais velhos e autoridades, pela verdade por mais sofrida que seja, pelo amor ao próximo, pelo reconhecimento e gratidão de benesses recebida, pelo amor a natureza, e pelo eterno agradecimento ao Eterno criador de tudo e de todos. Pai, sentimos eternamente orgulhosos pelo que o senhor foi, pelo que o senhor fez, e pelo grande amor que nos dedicou. O senhor sempre foi e sempre será eternamente o nosso guia, o nosso grande guru, o nosso grande mestre. A felicidade não é só sua, principalmente por manter a nossa família sempre unida, sempre respeitosa, mas também é nossa por ter tido como um grande e honrado guia a sua presença entre nós. Pai, o senhor nos ensinou, nos orientou e nos conduziu sempre para a realização do bem, mas o que marcou mesmo em nós foi seu exemplo de vida. Esta é uma marca indelével que nos direcionará sempre. Eu acho que Deus nos privilegiou com sua longevidade para garantir que nós, seus filhos, caminhassem o bem caminhar, e hoje, com certeza, lá do céu, junto com nossa meiga mãezinha, estará sempre nos protegendo. Só podemos eternamente agradecer a Deus pelos pais que tivemos. O senhor, meu lindo e querido pai, em seu pensar, muitas vezes foi um filósofo grandioso. Outro dia, entre um chimarrão e outro, no bate papo gostoso e ouvindo e anotando suas histórias o senhor me confidenciou: - Meu filho, tudo passou tão rápido! Sua mãe já nem está mais com a gente! Meu pai, realmente a vida é um piscar de olhos. Há pouco tempo eu tinha 14 anos e de repente estou com meus 75. A vida é sucessões de momentos. Devemos viver cada um desses momentos intensamente, pois só assim teremos boas lembranças para revivê-las depois. Eu digo também, a sua vida, para nós, passou tão rápida! Meu pai eu aprendi contigo esta máxima: “Construa agora o lugar que você quer morar depois”. Muitas vezes as dores que temos hoje são mágoas que deixamos passar lá no passado. Todo o amor que devotamos ao senhor será sempre insuficiente para mostrar a eterna gratidão pelo pai amoroso, desvelado, respeitoso e exemplar que tivemos, Hoje, em nome de todos seus filhos me aconchego através desta carta para respeitosamente pedir uma benção muito especial, ai do alto para este filho que o ama, que o venera e que enquanto eu viver vou tentar seguir seus bons exemplos. Parabéns pela sua exemplar vida, enquanto esteve aqui entre nós! Seu filho MARIO DOS SANTOS LIMA

domingo, 12 de junho de 2016

PARA TODAS AS MENINAS!

PARA TODAS AS MENINAS. Viva! hoje é o dia dos namorados! Os marmanjos que me desculpem, mas quero aqui, em especial, homenagear todas as meninas, as eternas, lindas, encantadoras e graciosas namoradas! Um apreço especial para minha linda e amável e sempre namorada Irene! Um beijo carinhoso para você mulher que ainda procura, mas não encontrou o seu namorado; para você, menina que tem, mas está triste porque ele se esqueceu de te dar um abraço, eu empresto o meu. Para você mulher que, desiludida, chora o último namoro desfeito, eu te acolho para ouvir seus lamentos. Para você casada, que deveria ser sempre a eterna namorada de seu marido, e é por ele esquecida, desamparada, coloco-me a disposição para te acolher e intermediar uma negociação para que ele volte a trata-la bem, e carinhosamente como sua namorada. Enfim, a todas as meninas, noivas, casadas, viúvas, solteiras, virgens ou não; Para minhas cunhadas, minhas noras, minhas irmãs, minha filha e netas, minhas sobrinhas, para minhas colegas professoras e para minhas lindas alunas que já foram e que ainda são, meu abraço, meu beijo num desejo ardente que o dia dos namorados seja alegre, amoroso, na paz e na esperança da eterna felicidade. Eu amo incondicionalmente todas vocês!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

OS LINDOS CABELOS DE MINHA IRMÃ

Eu sempre tive uma queda para grandes obras e ações que exerçam impacto emocional nos outros e em mim mesmo. Não me satisfaz a pequenez dos atos ou a insignificância de atitudes mesquinhas. Quero sempre aparecer e dou-me por satisfeito e quase chego ao orgasmo quando chega o elogio franco ou dissimulado. O mundo é um teatro. Eu com quatro anos e minha irmã com três anos éramos uma dupla de botar de pé os cabelos loiros acastanhados de minha mãe e de deixar seus lindos olhos azuis fuzilando incontidos na órbita ocular. Minha mãe tinha nos cabelos loiros, longos e encaracolados de minha irmã algo de muito lindo e precioso para ela. Era seu enlevo penteá-los e admira-los. Lembro-me de minha irmã correndo e o vento buliçoso vindo doidivanas se enrolar, se esconder para feliz despentear seus lindos cabelos loiros. O sol apaixonado se misturava a eles e na tentativa de defendê-los dava uma cor doirada de beleza inacreditável. As professoras na escola queriam por inveja doida que seus cabelos longos fossem tosados e tentavam, de qualquer maneira encontrar neles algum piolho, alguns ovos de insetos anopluros, mas minha mãe, como sempre muito zelosa não deixava que estes insetos pediculídeos, sugadores malditos se alojassem no couro cabeludo de minha irmã. Nas nossas brigas pueris, por respeito nunca puxei seus cabelos. Um dia na casa de nossa avó estávamos brincando os dois ou então fazendo alguma peraltice, não me recordo, quando então surgiu a grande oportunidade para a minha consagração. Minha irmã tinha acabado de tomar seu banho. Estavam no seu cabelo, dois laços em fita azul, como borboletas enormes sugando o néctar, uma de cada lado de sua cabeça, separando ao meio seus loiros cabelos. Sua franja, cuidadosamente alinhada acima da sobrancelha dava o tom angelical ao seu rosto. Quando vi aquilo, brotou em mim a seiva da criatividade e eu, como que possuído por um ser criador e renovador de cabelos diferentes fui atrás de uma tesoura. A tesoura, ponte aguda estava ali na mesa chamando minha atenção. Até parecia que ela me dizia: - Vem me possuir que em suas mãos mágicas criarei coisas lindas. Vem moleque, vem. Hipnotizado não resisti e quando me dei conta estava com a maldita ferramenta entre os dedos num abrir e fechar frenético apontando-a para minha irmã. - O que você vai fazer com esta tesoura, perguntou um tanto apavorada e curiosa minha irmã. - Vou deixar seus cabelos mais lindos, respondi com entusiasmo, caminhando ao seu encontro. - Mas a mãe não vai gostar, replicou se afastando medrosa. - Vai gostar sim. Seus cabelos vão ficar mais lindos. E para que ela participasse desta imaculada operação completei dizendo: - Eu corto primeiro e você corta depois meus cabelos. Como ela sempre acreditava em mim e eu possesso estava falando com a convicção de quem sabe o que vai fazer se inclinou oferecendo sua cabeleira para o sacrifício. Tal qual um mestre da tesoura iniciei a remodelação daquele cabelo imaginando algo fantástico que pudesse arrancar aplausos de minha mãe. Corta daqui, repica dali amontoando no assoalho ao derredor de nossos pés sua loira cabeleira até que a tesoura maldita, invejosa, sacana tal qual uma jararaca maluca furou a testa e em seguida o pescoço de minha irmã. O sangue jorrou, encobrindo buliçoso seus olhos e como moleque travesso manchou seu vestido branco respingando saltitante no assoalho. Minha irmã gritou de dor. O grito dela retumbou na sala em que estávamos e foi buscar os ouvidos de minha mãe e minha avó na cozinha. A obra ficou inacabada. Minha mãe arrastada até a sala pelo som do grito agudo de minha irmã não resistiu ao que viu e se pos desmaiada no chão. Incontinente minha avó socorreu primeiro minha irmã. Não tive o orgasmo com o esperado elogio, mas quase me urinei todo com as chineladas que recebi de minha mãe. Por um longo tempo minha irmã usou esparadrapo na testa e pescoço e um chapéu de pano na cabeça. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

terça-feira, 31 de maio de 2016

JURITI

Até prova em contrário, eu sei que toda criança gosta de animais. Um cachorro, um gato ou um pássaro são os mais comuns do afago interesse das crianças, e eu fiquei nesse comum, pois tive um cachorro como animal de estimação. Na realidade era uma linda cachorrinha vira lata. Juriti era o nome dela. Apareceu no portão lá de casa ainda pequenina, ganindo de fome e frio. Olhei confuso para ela, por entre as fendas das balaustres do portão, e ela olhou para mim com aquele olhar de súplica que só os cachorros sabem fazer, e eu acredito que isto foi amor à primeira vista. Catei-a do chão, enlaçando com meus braços acomodei-a no meu peito, e corri feliz, gritando, mostrar o achado para minha mãe. - Posso ficar com ele? Perguntei num misto de alegre e ansioso. Minha mãe pegou o animal de minha mão, olhou com cuidado virando-o de um lado para outro como que no desejo de descobrir algo, falou: - Não é ele, é ela. - Como é que minha mãe consegue descobrir o sexo dos animais? Pensei admirado, naquele momento. Minha mãe é maravilhosa e competente nisso, ela sabe se é galo ou galinha, se é boi ou vaca, se é cabrita ou bode, se é cavalo ou égua. Quando guri, muitas vezes quis perguntar o segredo disso tudo a ela, mas me contentava simplesmente em acreditar. Ela falou, está falado! - Eu acho que seu pai não vai gostar, completou ela. Depois de muitos “deixa me ficar com ela”, “deixa me ficar com ela”, a Juriti finalmente foi adotada pela família. Foi uma festa geral. Foi crescendo rápida e sapeca, mas morava no quintal, amarrada a uma cordinha para cuidar da casa. Já adulta sua raça lembrava um pouco de Collie. Tinha uma pelagem média mesclada em branco e marrom que dava a ela uma aparência agradável. A mãe dela deveria ser uma cadela com pedigree, que com certeza, andou em más companhias, de vira latas vadios e sarnentos. Desta vadiagem toda nasceu a Juriti que por certo foi abandonada por aí, e veio parar no portão de casa. Eu acho que a Juriti nunca se importou muito com isto, em casa ela era bem tratada e parecia muito feliz. Eu e Juriti nos dávamos muito bem. Ela era um grude, pois onde eu estava, lá ela queria estar também. Latia, mordia meu calcanhar, lambia meus pés. Ela era toda festa. Era a companheira dos meus folguedos em casa e na rua. Gostava de sair, quando eu saia para brincar. Lembro-me perfeitamente como ela toda alegre, presa àquela corda, olhava para mim e de seu rabo em movimento quase gerando um tufão, quando de manhã eu levantava para ir buscar o leite na chácara. Era um bom trecho a ser percorrido. Soltava-a da cordinha e lá íamos nós, eu assoviando e ela latindo, em desembalada correria. Ela cheirava os postes, corria afoita e inutilmente atrás de borboletas e de passarinhos, tal qual uma doidivanas latia feliz para coisa alguma. E eu me divertia com isto. Pelo caminho, muitas vezes além das borboletas e passarinhos cruzavam vadios cachorros enormes e ela com medo se enroscava medrosa em minhas pernas pedindo meu colo. Nem sempre as coisas boas duram para sempre. Uma noite, nossa família foi acordada por um barulho infernal de briga entre cães dentro de nosso quintal. Tarados cachorros, vadios vira-latas, aos milhares deles quebraram o portão e atacaram a inofensiva, pura e virgem Juriti dentro de nosso quintal. O que vi naquela noite foi alarmante. Meu pai aos berros conseguiu com pedaços de paus e pedras afugentar aqueles miseráveis, mas apenas um deles permaneceu e nele, engatada estava a Juriti. Meu pai sentenciou: - Não podemos ficar com esta cachorra aqui em casa. Voltei para cama e triste quase não consegui dormir. Levantei-me de manhã para fazer a minha tarefa de buscar o leite e não encontrei, como de costume, me esperando no quintal a cachorrinha que tanto amava. Chamei-a em vão. Fui, então sem assoviar e sem correr, cabisbaixo buscar o leite. As borboletas e passarinhos pelo caminho voavam desnorteados procurando pela Juriti. Até os vira latas, ao cruzarem por mim, ladrando perguntaram pela medrosa cachorrinha. - Talvez, engatada tenha, aquele miserável cachorro, levado-a de arrasto para outro quintal. Pensei muitas vezes isto. Procurei-a em vão por muitos lugares e por muitos dias. O tempo passou, dois anos talvez, mas a imagem alegre da Juriti nunca me saiu da cabeça. Abatia-me uma tristeza infinda quando de manhã, ao ir buscar o leite não a encontrava ali toda faceira e alegre me esperando. Certa vez, quase ao romper da madrugada ao passar por uma viela mal iluminada, como numa visão maravilhosa vejo uma cadelinha, magra, maltratada, com as tetas grandes que pelo seu porte e pelagem em cores branco e marrom lembrava a minha cachorrinha. Meu coração acelerou. Não me contive, parei e chamei: - Juriti! Aquela cachorra parou de chofre de remover o lixo, virou-se para mim, fez menção de abanar o rabo e com olhar lânguido e triste caminhou cabisbaixa até perder-se na escuridão. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

segunda-feira, 7 de março de 2016

EU AMO TODAS AS MULHERES

Eu amo as mulheres... Todas elas, sejam elas Magras, gordas, altas ou baixinhas, Eu amo perdidamente As mulheres loiras, As morenas, As ruivas, As negras, Eu amo as mulheres de todas as raças... Eu amo as virgens, As professoras, As viuvas. as secretárias, Eu amo as médicas, as de todas as profissões. Eu amo as que são mães, Aquelas que ainda não são... Aquelas que adotam seus filhos Aquelas que trabalham, Eu amo perdidamente todas as mulheres Na figura de minha mãe, de minhas irmãs, Na beleza graciosa de minha filha Na lindeza estonteante de minha esposa, Amo incondicionalmente minhas cunhadas, Minhas primas... Eu amo minhas noras como se fossem minhas filhas, Minhas sobrinhas e minhas netinhas. Eu amo todas as mulheres na figura de eternas meninas. Parabens a cada uma, e um abraço perdido de amor. POR: MARIO DOS SANTOS LIMA

domingo, 21 de fevereiro de 2016

ILHA DO MEL

VIAGEM A ILHA DO MEL Mario dos Santos Lima Fevereiro de 2008 A galera resolveu fazer um final de semana de relaxamento na Ilha do Mel, mas antes vamos conhecer um pouco este lugar. A Ilha do Mel é uma ilha brasileira situada na embocadura da Baia de Paranaguá. Segundo alguns historiadores a Ilha do mel teve alguns nomes e a origem de seu nome, segundo a lenda pode ter vindo de uma das quatro vertentes: 1) Até a segunda guerra mundial a ilha era chamada de Almirante Mehl que morava lá e se dedicava a cultura do mel; 2) Pode ter sido porque moravam na ilha muitos marinheiros aposentados que se dedicavam a exploração e cultura da apicultura isto até os anos 60. Chegaram até exportar o mel. 3) Não sei se vocês perceberam aquela água amarelada escura escorrendo antes de chegar ao mar, alguém até sugeriu que era merda em esgoto a céu aberto, pois é minha gente, não é merda não; A água doce da ilha contém mercúrio que em contato com a água salgada causa a coloração amarelada semelhante à cor de favos de mel; 4) Também a origem do nome pode ser bem antiga pelo fato dos antigos moradores, os índios carijós apreciarem o mel e explorarem a apicultura. Bem pessoal, pesquisei e estou dando quatro alternativas para a origem do nome da Ilha do Mel. Pesquisando um pouco mais sobre a ilha vou viajar com a colunista Fernanda Preto que descreveu numa reportagem um pouco da história da Ilha do Mel, localizada no litoral no Paraná. Ela dá dicas dos principais pontos para fotografar e para passear. Diz ela que conhecer a Ilha do Mel é um grande privilégio, pois é um pedacinho do mundo onde é possível relaxar aproveitando as belezas naturais de um lugar acolhedor. Isto eu concordo em gênero e número com ela. A Ilha do Mel é o xodó dos Paranaenses, já foi lugar de hippies nos anos 70 e hoje é lugar de quem busca além de praias, a Mata Atlântica ainda preservada, pois é também uma estação ecológica desde 1982. Para o visitante que chega à ilha são distribuídas máscaras contra fumaça e gás para aquele que se atreve a caminhar à noite adentro por entre as trilhas para que na volta não seja surpreendido e preso por estar ligadão. A neblina que muitas vezes aparece à noite não é neblina não, é a concentração da fumaça provocada pelas folhas e inflorescências dessecadas, trituradas e enroladas em forma de papelotes de cigarro da maconha. Entre caminhadas na praia, na restinga e banhos de mar, a Ilha também permite a prática da escalada esportiva assim como, boulder, um tipo de escalada de até 6 metros de altura sem o uso de corda. No local há rochas muito antigas, da idade Pré-Cambriana, e formações arenosas muito recentes. Hoje afloram nos morros devido à ação da erosão que continuamente remove as camadas superficiais da crosta. Não se recomenda o uso de chinelos para estes passeios principalmente no Morro do Sabão. Na Praia de Encantadas, onde mora a maioria das pessoas, estão as escaladas no Morro do Careca, no Mar de Fora, na Praia do Miguel, na Praia da Bica. É também onde fica a Gruta das Encantadas, e diz a lenda que mulheres de beleza sedutora e de bela voz, encantavam os visitantes que, caminhando pela praia, aproximavam-se da gruta e desapareciam misteriosamente. A bem da verdade, pesquisando apontamentos antigos dos índios Carijós fiquei sabendo que ali era a zona de meretrício deles. Como os deuses proibiam terminantemente o sexo foi única maneira que encontraram de dar umas metidinhas escondidos destes deuses boiolas e doidos. A gruta no começo era apenas um buraquinho, mas com os gritinhos das índias na hora do orgasmo as rochas foram se soltando dando a profundidade e altura que tem hoje. Eu entrei dentro e pude perceber que a caixa acústica da gruta e muito boa e ainda se ouve, se você ficar atento os gritos das índias. Outro atrativo é a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres do século XVIII, na Praia do Forte, que foi construída em 1766. “A Fortaleza marcou a história da colonização paranaense pelo litoral, e também durante a Segunda Guerra Mundial quando se tornou a sentinela de vigilância contra submarinos que pretendessem invadir as águas de Paranaguá”, diz o site da ilha. A Fortaleza é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, mas quem visita pode ver a falta de preservação. O Forte fica no Morro da Baleia. O forte tem: uma casa de guarda; prisões e paiol de pólvora. O local hoje é bem usado pelos caras que vão lá só para esvaziar o tubo digestivo. Os canhões vergonhosamente foram usados duas vezes apenas. A primeira, em 1850 contra o Navio de Guerra Inglês comandado pelo Cormorant que veio aprisionar Navios Negreiros brasileiro no porto de Paranaguá. A segunda em 1894 durante a revolução federalista. Os navios dos federalistas passaram com os marinheiros na maior alegria e mostrando bananas ao pessoal do forte, pois as balas não chegavam até eles. Tomaram Paranaguá por quatro meses e foderam com a cidade. Em 1945 a ilha foi considerada Zona de Guerra, entenda-se de guerra e não de meretrício, mas a bem da verdade foderam com o pessoal da ilha, pois botaram todos para correr para fora dela, índios e não índios confiscando suas propriedades. Foi uma tristeza enorme ver aqueles índios todos, em pranto perderem suas tabas e ocas incendiadas pelos soldados. O Governo colocou no oco deles e proibiu que a rede globo fizesse a cobertura. Instalaram os canhões e trincheiras de pedras no alto do Morro da Baleia. Os índios e gente humilde que não quiseram abandonar a ilha foram usados como bucha de canhão. O Farol da Concha, no lado de Brasília, orienta desde 1872 os navegantes na Baía de Paranaguá. A vista é maravilhosa, principalmente na lua cheia, quando se pode se ver a Serra do Mar, a planície costeira, e o barulho calmo das ondas batendo nas paredes rochosas, e também casais de namorados em juras de amor e na maior sacanagem. A ilha tem quatro agrupamentos de almas: Nova Brasília; Farol; Forte que o pessoal chama de Fortaleza e o agrupamento das Encantadas. Existe uma lei, não sei de quem ou qual o seu número determinando que todos os navios com destino a Paranaguá devem passar pelo Forte – por certo para justificar a sua construção ali, mas os navios teimam em passar pelo Farol das Conchas atrapalhando a passagem dos barcos que levam o pessoal para a ilha. Foi aprovado uma lei para a instalação de um aeroporto moderníssimo na Ilha e também um grupo já comprou um terreno para a construção de um mega shopping. Para a iluminação total da ilha estão pensando num reator igual a que existe em Angra. Bem, agora que conhecemos com detalhes onde acomodaremos o nosso esqueleto vamos à narrativa de nossa epopéia. A Fran organizou tudo marcando para que a galera se encontrasse às 6 horas da manhã na frente do Jardim Botânico. Eu e Irene, com muito custo para tirá-la da cama marcamos presença pontualmente às 6 horas conforme combinado. Aportando com alguns minutos de atraso chegou Sérgio, Nena, Meyre, Marcos e Gabi. Toda sem jeito, com quase 10 minutos além do combinado chega Fran, Tiago, Luzia, Ubirajara, Irene, Amanda e Bruna. O Jean, Fábio e Thiago aportaram no portão principal do Botânico trazido pelos pais. A Sara, Milton, Bruna e Leandro combinaram que iriam sair de frente da Coca Cola. Só estava faltando a Hedilaine e André. O Tempo estava fresquinho e exigiu dos mais friorentos algum agasalho. O sino de algum campanário por perto anunciando o horário da missa fez com que conferíssemos o relógio. Puta que pariu, sete horas e a Hedilaine não tinha chegado ainda. Como a paciência se esgotou descemos a serra numa desembalada corrida para chegar a tempo de pegar o barco para a travessia. Chegamos na Vila das Encantadas as 9 horas e 30 minutos. A Hedilaine e André, todos sem jeito, desalinhados, despenteados chegaram a Ilha às 11 horas com a desculpa de que tinham dormido demais. Fui até a Lan House da Ilha e descobri o que verdadeiramente aconteceu com os dois. Levantaram às 4 da manhã para atender uma paranóia da Hedilaine. Ela tinha um sonho: - Dar uminha no elevador. Foi o que fizeram. Entraram no elevador, interromperam o funcionamento de energia para as escuras poder praticar o ato libidinoso, mas não contavam com a presença de uma velhinha puritana que aos berros chamou o síndico que imediatamente acionou a polícia. Foram presos e por serem réus primários liberados de imediato. A polícia, comovida com o choro da Hedilaine trouxe os dois de viatura até Pontal do Sul para que pegassem o barco. - Vamos fazer uma caminhadinha pela ilha? Convidou o Sérgio. Estávamos em jejum, mas fomos mesmo assim. Ele não avisou que era preciso levar comida e água. Fui de mãos abanando e de chinelo nos pés. Saímos de Encantadas às 11 horas e 10 minutos. Pegamos uma trilha desviando da Gruta e fomos sair na Praia de Fora. Lá o Sergio tirou a roupa e quase desnudo foi tomar banho. Entrou e logo saiu porque não encontrou nenhum adepto. Seguimos para o Pontal de Nhá Pina e subimos o Morro do Sabão. Estava de chinelo e foi uma loucura fazer esta travessia. Fiquei com a bunda suja de tantos os tombos e escorregões que levei. Na Praia do Miguel paramos para um banho. A caminhada já estava para mais de 2 horas quando passando por uma trilha, perto do Morro do Meio, com uma fome lazarenta o cheiro de pães sendo desenfornados fez toda a turma em desembalada corrida ir até o local. A dona da pousada além de negar dar qualquer fatia de pão aos famintos pedintes, chamou a polícia e soltou os cães. Tínhamos duas alternativas ou enfrentar a polícia e matar os cães para assaltar a panificadora da Pousada ou sair correndo. Optamos pela segunda numa retirada rápida em meio aos xingamentos: - Suas vacas filhas de umas putas, a gente só queria uma fatia de pão. Enfiem todos estes pães na bunda, concluímos nós em coro e correndo. – A noite nós vamos vir aqui para acerto de contas, ainda concluiu o Sergio. Passamos pelas pedras do Morro do Meio e paramos na Praia Grande para um saudável banho de mar. Seguimos adiante contornando a Ponta do Joaquim e aproveitamos para mais um banho na Praia de Fora. Descansados subimos com a língua de fora o Morro das Conchas para visitar o Farol. A vista de lá é maravilhosa. Descemos e aproveitamos para mais um banho na praia do Farol. Os meninos Jean, Fábio e Tiago reclamavam o tempo todo da falta de mulher na ilha; Tentaram atacar três velhinhas que tomavam sol com as tetas de fora mas elas deram um fora neles. O André de agasalho completo e tênis foi arrastado pelo Sérgio, Marcos, Nena, Meyre e Irene para dentro da água e aos berros falava: - Deixe-me, deixe-me dizia André para a turba o que direi para minha querida Hedilaine?. E foi impiedosamente arrastado mesmo assim. O menino acabou gostando tanto da água que não mais quis sair. Refeitos seguimos até o povoado de Nova Brasília. O barco Paraíso nos esperava. Para nós aquilo não era um barco e sim um iate – enorme, confortável e lindo. Quando chegamos até a Ilha viemos de Pontal num barco bem precário prestes a naufragar e ao cruzar com uma galera num barco chamado Diretoria saudamo-los com as mãos agitadamente e os bostas simplesmente nos ignoraram. O Paraíso nos deu outro status, pois na travessia de Brasília para Encantadas ao cruzar os mesmos indivíduos não foi preciso suplicar saudações, pois aqueles merdas só faltaram saltar da embarcação para vir beijar os nossos pés. A noite chegou sorumbática com o piar agonizante das corujas. O Sérgio, já um tanto skollizado chamou toda a galera e muito alterado disse: - Vamos até aquela panificadora e dar um corretivo naquelas velhas sovinas e mesquinhas? Todo muito concordou e assim de paus, facas, espetos e garfos rumamos sendo aos poucos engolidos pelas trilhas da ilha. Cercamos o local e com frase do dia – Queremos pão fresco suas frescas, fomos gentilmente atendidos pelas velhas que suando, brancas e tremendo de medo iniciaram e terminaram o processo da fabricação de gostosos pães. Fartamo-nos e fomos tomar um banho na Praia do Miguel. O Sérgio mais pra lá do que pra cá dava aulas de geografia, enrolando toda a língua e se apoiando na Nena. - Vocês estão vendo aquelas luzes lá adiante, apontava com dificuldade para o alto mar, lá é Paranaguá concluía ele. - Meu Nego, Paranaguá fica do outro lado, dizia a Nena apoiando o Sergio para ele não cair. Aquelas luzes estão em movimento e são dos navios que irão para a baia. - Nena, você não entende mesmo nada de ciência, falava o Sérgio mais cuspindo do que falando. A terra não é redonda? Então, aquelas luzes que parecem em movimento não estão em movimento e é Paranaguá. O André, Tiago, Marcos e Milton fizeram uma maca e transportaram o Sérgio até a Pousada que resmungava o tempo todo: - Vocês não acreditam mas lá é Paranaguá. O Sérgio teve que ficar amarrado na cama para que tio Milton e Sara preparassem o gostoso churrasco da noite. No dia seguinte um passeio com toda a turma até a gruta encantada para dentro da caverna conferir os gritinhos sensuais das índias carijós. O almoço foi tipicamente francês. À tarde, em altas lamentações tal qual no Horto das Oliveiras ou na Salve Rainha o povo derramava lágrimas aos montões, quase inundando a Ilha. Foi uma tristeza só ver aquela gente toda arrumando as malas. A noite chegava rápida trazendo uma chuvinha chata já quando todos nós acomodados estávamos no Iate Paraíso. O Iate se afastava veloz dançando alegremente ao sabor das ondas. Em bandos, em revoadas rasantes as gaivotas retornavam aos seus ninhos. Aos poucos, as luzes da Ilha iam se esmaecendo deixando para traz uma vontade louca de voltar. Inutilmente aos prantos, no convés os olhos fixos nas luzes da Ilha. POR MARIO DOS SANTOS LIMA