quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MINHA MÃE E O SISTEMA KANBAN

O sistema Kanban, segundo vários autores consultados é um dispositivo sinalizador visual, um cartão que fornece instruções para que a produção inicie a fabricação dos itens marcado no cartão ou então para mostrar quanto de material está em estoque e quanto deste material vai ser preciso comprar. É um sistema largamente usado pelas indústrias e pelos supermercados. A palavra é de origem japonesa e significa, na língua deles etiqueta ou cartão; O sistema se utiliza de um quadro, estrategicamente localizado para colocar estes cartões que servirão de aviso ou de lembrete para as compras ou fabricação.
Por que é dado o privilegio da invenção do sistema Kanban aos japoneses? Somente pelo nome Kanban? Não só por isto. Então vamos ver.
Conta a história que na década de cinqüenta o Japão pós-guerra estava faminto por organizar e deixar com qualidade seu parque fabril. Dependia desta organização para se ter um custo reduzido aos seus produtos fabricados e se ter um controle refinado sobre o terrível desperdício principalmente no chão de fábrica.
A indústria automobilística americana pela pujança e mecanização despertava muita a atenção e muitas vezes servindo de exemplo. para o mundo.
Um grupo de empresários japoneses desesperados por organização nas suas empresas resolveu fazer uma espionagem industrial. Viajaram disfarçados de turistas para os Estados Unidos – óculos escuros, binóculo e máquina fotográfica dependurados no peito, chapeuzinho de pano com aba, ar de besta com suas camisetas e bermudas floridas e um caderninho de apontamentos. Eram os verdadeiros calçudos da época.
Chegaram e cada um foi para a porta de uma fábrica. Disfarçados de operários entraram e conferiram a organização. À noite, no hotel cansados, estropiados, pois tiveram que trabalhar para não despertar a atenção, chegaram a um acordo de que nada do que viram não estava sendo praticado no Japão. Desanimados começaram a fazer as malas para o retorno.
Como naquela época era muito comum quem visitasse os Estados Unidos desse uma chegadinha e fizesse umas compras na Sears, foram então, para cumprir este cerimonial no dia seguinte antes do embarque comprar algumas quinquilharias para suas esposas, filhas ou namoradas ou mesmo amantes. Quando estavam passando pelo caixa verificaram que a atendente retirava uma parte da etiqueta dos presentes e colocava num recipiente. Curiosos perguntaram qual o significado daquela ação. A atendente gentilmente explicou que a etiqueta seria recolhida por alguém que daria comando para repor na gôndola aquele material que eles estavam levando.
- Kanban, gritaram felizes em coro os japoneses. Beijaram a atendente, deixaram um monte de gorjeta e saíram felizes para o aeroporto. A atendente não entendeu nada, mas ficou feliz com a gorda gorjeta recebida. E dizem as más línguas que a partir desta data os japoneses inventaram o sistema kanban.
Mas... Continuemos a história.
Muito antes deles minha mãe, de origem polonesa já tinha inventado este maravilhoso sistema que ela chamava carinhosamente de grepel. Ela quis um dia registrar em marcas e patentes, mas os organismos internacionais recomendaram a ela que desistisse do intento porque achavam de pouca importância o assunto e também, segundo eles causaria um conflito internacional em vista da palavra em japonês já ser de domínio público.
Os malditos filhos de uma puta enganaram minha mãe.
Então vamos aos fatos em defesa do invento desta simpática polonesa.
Ainda quando pequeno, na década de quarenta tenho na memória bem registrado de que maneira minha mãe comunicava ao meu pai a necessidade da compra da casa, principalmente dos mantimentos.
Como ela não gostava muito de verbalizar o pedido, porque sempre esquecia alguma coisa criou um sistema muito legal que visualmente informava ao meu pai o que de imediato precisava comprar para a casa. De tantos vou apenas descrever um.
O café era comprado em grãos verdes que torrávamos em casa. Era acondicionado em uma lata mais ou menos na quantidade de 5 quilos. Minha mãe deixava no fundo uma quantidade de 1 quilo colocando o cartão (grepel) em cima e cobria com o restante dos quatro quilos. Usava, dia a dia até chegar ao cartão. Pegava o grepel e pendurava num prego perto da porta de saída. Meu pai olhava, anotava e trazia o café na quantidade solicitada. O grepel registrava o nome do item e a quantidade que deveria ser comprado. Minha mãe de posse do café comprado procedia religiosamente da mesma forma. O ciclo se repetia sem erro para o café como para todos os outros itens controlados.
Assim, esta polonesa graciosa, geria tanto o estoque de mantimentos como os itens de produtos de limpeza para que não sobrasse e nem tão pouco faltasse nada na despensa de casa.
Por esta razão a minha querida mãe é a verdadeira criadora do sistema controlado por cartões e que vá a merda os japoneses.

por: Mario dos Santos Lima

domingo, 21 de agosto de 2011

O BRANCO DA BANDEIRA


Dando uma espiadela de leve pela Wikipédia, para saber o significado dos símbolos de uma nação, pude então confirmar que eu realmente estou com os conhecimentos em dia. Então, eu sei, que tudo o que se considere ou se manifeste para o mundo como uma comunidade nacional é um símbolo. É importante conhecer e respeitar, pois os símbolos nacionais pretendem unir pessoas criando representações visuais, verbais ou icônicas do povo, dos valores, objetivos ou da história nacional.
Dentre muitos, a bandeira é um símbolo nacional oficial. Suas cores sempre representam alguma coisa, e seu formato e apresentação é procedimentado.
Há muito tempo, pelos idos de 1959.
Estava com meus 19 anos, e na época estava sendo treinado para a defesa nacional contra possíveis ataques de povos inimigos e alienígenas. Na oportunidade eu só imaginava, na minha santa inocência, que apenas os índios eram perigosos, e talvez fosse por isto que o exército convocasse os jovens alentados para o treinamento de luta contra eles. Outros possíveis inimigos eu não os conhecia, não tinha a menor idéia de quem eram eles. Hoje eu sei que muito mais que povos de outras nações; que os inofensivos índios; que os habitantes de outros planetas; existem os inimigos mais perigosos da pátria que são os grandes safados, sanguessugas, desonestos, vilões residentes aqui, representando a fragilidade do nosso país. São desleais, hipócritas, miseráveis que desrespeitam os símbolos e saqueiam a olhos vistos as riquezas da nação. Contra estes não existe treinamento. É uma luta inglória.
Recebia todos os tipos de adestramento – com armas, sem armas; na cidade ou no campo; sozinho ou em grupo. Mas, o inimigo sempre era invisível. O sargento nunca comentou conosco sobre os políticos perniciosos, sobre bêbados nos volantes; sobre a internet, sobre a televisão, traficantes e seqüestradores. O inócuo treinamento, que era teórico ou prático, servia para nada.
Um dia, em que o sol fazia feder assado os piolhos da cabeça, perfilados com as pernas semiabertas e as mãos grudadas acima da bunda, recebíamos a transmissão dos conhecimentos. O sargento, numa cantilena infernal, desfilava moral e ética para os ouvidos atentos da rapaziada fincada imóvel a sua frente.
O discurso daquele dia era sobre o valor e o respeito aos símbolos nacionais. Lamentável que nenhum bandido, político ou filho de uma puta estivesse ali para ouvir.
Falou sobre os símbolos oficiais e os não oficiais e perdeu-se em delonga sobre a bandeira nacional. Foi uma verdadeira prolação, principalmente, em estado imóvel em que se encontrávamos, fritados pelo astro rei.
O calor era infernal e as palavras vomitadas pelo instrutor batiam inúteis nos ouvidos derretidos pelo sol escaldante. Aquele prosar ao sol ardente fez um valoroso soldado despencar terra abaixo. Ninguém nem piscou petrificado pelo discurso intergaláctico daquele sargento. O pobre diabo permaneceu por longo período inerte esticado ao chão.
E lá na frente, impassível, o sargento perdia-se por veredas tantas na explicação do significado dos símbolos, adentrando nas cores da bandeira nacional.
Lembro-me que no alto de sua parolagem, discorria paulatinamente o significado de cada cor e sinais da bandeira.
- As estrela significam nossos estados, dizia ele, e continuava na sua oratória inútil para surdos ouvidos:
- O verde representa nossas florestas virgens e imensas.
Cinqüenta anos depois deste discurso, lamentavelmente não tão virgens e nem tão imensas.
Continuava o instrutor a frente daquele contingente que aos poucos ia se derretendo.
- O amarelo representa as nossas riquezas.
Eu imagino que naquele tempo os portugueses não tinham ainda levado todo o ouro da pátria amada e a dívida externa não estava tão alta, senão, com certeza, a cor seria vermelha.
- O azul do pavilhão reproduz este nosso lindo firmamento; é a imagem de nossas esperanças num porvir que há de vir sempre límpido e puro, de alma nobre, e pronto a servir, deste nosso povo abençoado.
Cá fico matutando que naquela época as condições sociais eram ótimas e o respeito e igualdade entre as pessoas tinham um significado diferente. Sei que a pureza de um povo está nos seus valores, e os valores estigmatizados de hoje estão emporcalhando a nossa gente.
O sargento foi desfiando o rosário de considerações e explicando o significado de cada coisa e de repente, ao ver todos aqueles postes imóveis, perfilados fincados a sua frente, resolve jogar uma pergunta para alguém. Não sei ao certo se o sargento não sabia a resposta ou foi uma estratégia para despertar da inércia o pelotão.
- Você, soldado 35, diga qual é o significado do branco na bandeira nacional.
Houve um silêncio sepulcral. Os passarinhos curiosos pararam de voar e até a brisa que vadia passava por ali, parou de soprar.
O recruta 35 de negro quase ficou alvo. Olhou atônito para o sargento, estufou o peito e seu olhar desviou-se para cima, e foi se perder na imensidão azul. Algumas nuvens, pequenas e sapecas passeavam despreocupadamente pelo céu rindo para o 35.
- 35, dê um passo à frente e responda! Ordenou o carrasco.
Ele obedeceu dando um passo a frente, mas sem tirar os olhos fixos da amplidão acima.
Eu acho que o 35, no despertar do sono, de sua indolência, deve ter racionalizado e concluído o seguinte, antes de responder:
- Se o azul representa o céu, se o verde nossas matas e o amarelo o ouro, então... Olhou para o sargento e com convicção respondeu:
- Representa a nuvens!
O mundo todo tremeu; os passarinhos desmaiados despencaram de seus galhos e a brisa escafedeu-se frente aos uivos esganiçados do sargento.
De castigo ficamos o resto do dia perfilados ao sol e o 35 passou três dias em cana por desrespeito ao símbolo nacional.

Por: Mario dos Santos Lima


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

VIAGEM A ILHA DO MEL


A galera resolveu fazer um final de semana de relaxamento na Ilha do Mel, mas antes vamos conhecer um pouco este lugar.
A Ilha do Mel é uma ilha brasileira situada na embocadura da Baia de Paranaguá.
Segundo alguns historiadores a Ilha do mel teve alguns nomes e a origem de seu nome, segundo a lenda pode ter vindo de uma das quatro vertentes: 1ª) Até a segunda guerra mundial a ilha era chamada de Almirante Mehl. Era o nome do cara que morava lá e se dedicava à cultura do mel; 2ª) Pode ter sido porque moravam na ilha muitos marinheiros aposentados que se dedicavam à exploração e cultura da apicultura isto até os anos 60. Chegaram até exportar o mel. 3ª) Não sei se vocês perceberam aquela água amarelada escura escorrendo antes de chegar ao mar, alguém até sugeriu que era merda em esgoto a céu aberto; pois é minha gente, não é merda não; A água doce da ilha contém mercúrio que em contato com a água salgada causa a coloração amarelada semelhante à cor de favos de mel; 4ª) Também a origem do nome pode ser bem antiga pelo fato dos antigos moradores, os índios carijós apreciarem o mel e explorarem a apicultura. Bem pessoal, pesquisei e estou dando quatro alternativas para a origem do nome da Ilha do Mel. Fiquem a vontade para dotar a que mais é do agrado de cada um.
Pesquisando um pouco mais sobre a ilha vou viajar com a colunista Fernanda Preto que descreveu, numa reportagem um pouco da história da Ilha do Mel, esta bela e afrodisíaca ilha localizada no litoral no Paraná. Ela dá dicas dos principais pontos para fotografar e para passear.
Diz ela que conhecer a Ilha do Mel é um grande privilégio, pois é um pedacinho do mundo onde é possível relaxar aproveitando as belezas naturais de um lugar acolhedor. Isto eu concordo em gênero e número com ela.
A Ilha do Mel é o xodó dos Paranaenses; já foi lugar de hippies nos anos 70 e hoje é lugar de quem busca além de praias, a Mata Atlântica ainda preservada, pois é também uma estação ecológica desde 1982. Para o visitante que chega à ilha são distribuídas máscaras contra fumaça e gás, principalmente para aqueles que se atrevem a caminhar à noite adentro, por entre as trilhas, para que na volta não sejam surpreendidos e presos por estarem ligadões. A neblina que muitas vezes aparece à noite não é neblina não, é a concentração da fumaça provocada pelas folhas e inflorescências dessecadas, trituradas e enroladas em forma de papelotes de cigarro da maconha.
Entre caminhadas na praia, na restinga e banhos de mar, a Ilha também permite a prática da escalada esportiva assim como, boulder, um tipo de escalada de até 6 metros de altura sem o uso de corda. No local há rochas muito antigas, da idade Pré-Cambriana, e formações arenosas muito recentes. Hoje afloram nos morros devido à ação da erosão que continuamente remove as camadas superficiais da crosta. Não se recomenda o uso de chinelos para estes passeios principalmente no Morro do Sabão.
Na Praia de Encantadas, onde mora a maioria das pessoas, estão as escaladas no Morro do Careca, no Mar de Fora, na Praia do Miguel, na Praia da Bica. É também onde fica a Gruta das Encantadas, e diz a lenda que mulheres de beleza sedutora e de bela voz, encantavam os visitantes que, caminhando pela praia, aproximavam-se da gruta e desapareciam misteriosamente. A bem da verdade, pesquisando apontamentos antigos dos índios Carijós fiquei sabendo que ali era a zona de meretrício deles. Como os deuses proibiam terminantemente o sexo foi única maneira que encontraram para dar umas metidinhas escondidos destes deuses boiolas e doidos. A gruta no começo era apenas um buraquinho, mas com os gritinhos das índias na hora do orgasmo as rochas foram se soltando dando a profundidade e altura que tem hoje. Eu entrei dentro e pude perceber que a caixa acústica da gruta e muito boa e ainda se ouve, se você ficar atento os gritos das índias.
Outro atrativo é a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres do século XVIII, na Praia do Forte, que foi construída em 1766. “A Fortaleza marcou a história da colonização paranaense pelo litoral, e também durante a Segunda Guerra Mundial quando se tornou a sentinela de vigilância contra submarinos que pretendessem invadir as águas de Paranaguá”, diz o site da ilha. A Fortaleza é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, mas quem visita pode ver a falta de preservação. O Forte fica no Morro da Baleia. O forte tem: uma casa de guarda; prisões e paiol de pólvora. O local hoje é bem usado pelos caras que vão lá só para esvaziar o tubo digestivo.
Os canhões vergonhosamente foram usados duas vezes apenas. A primeira, em 1850 contra o Navio de Guerra Inglês comandado pelo Cormorant que veio aprisionar Navios Negreiros brasileiro no porto de Paranaguá. A segunda em 1894 durante a revolução federalista. Os navios dos federalistas passaram com os marinheiros na maior algazarra, inclusive mostrando bananas ao pessoal do forte, pois as balas não chegavam até eles. Tomaram Paranaguá por quatro meses e foderam com a cidade.
Em 1945 a ilha foi considerada Zona de Guerra, entenda-se de guerra e não de meretrício, mas a bem da verdade foderam com o pessoal da ilha também, pois botaram todos para correr para fora dela, índios e não índios confiscando suas propriedades. Foi uma tristeza enorme ver aqueles índios todos, em pranto perderem suas tabas e ocas incendiadas pelos soldados. O Governo colocou no oco deles e proibiu que a rede globo fizesse a cobertura.
Instalaram os canhões e trincheiras de pedras no alto do Morro da Baleia. Os índios e gente humilde que não quiseram abandonar a ilha foram usados como bucha de canhão.
O Farol da Concha, no lado de Brasília, orienta desde 1872 os navegantes na Baía de Paranaguá. A vista é maravilhosa, principalmente na lua cheia, quando se pode se ver a Serra do Mar, a planície costeira, e o barulho calmo das ondas batendo nas paredes rochosas, e também casais de namorados em juras de amor e na maior sacanagem.
A ilha tem quatro agrupamentos de almas: Nova Brasília; Farol; Forte que o pessoal chama de Fortaleza e o agrupamento das Encantadas.
Existe uma lei, não sei de quem ou qual o seu número determinando que todos os navios com destino a Paranaguá devem passar pelo Forte – por certo para justificar a sua construção ali, mas os navios teimam em passar pelo Farol das Conchas atrapalhando a passagem dos barcos que levam o pessoal para a ilha.
Foi aprovada uma lei para a instalação de um aeroporto moderníssimo na Ilha e também um grupo já comprou um terreno para a construção de um mega shopping. Para a iluminação total da ilha estão pensando num reator igual a que existe em Angra.
Bem, agora que conhecemos com detalhes onde acomodaremos o nosso esqueleto vamos à narrativa de nossa epopéia.
A Fran organizou tudo... quem quiser saber o que aconteceu lá é só implorar que eu narrarei.

por: Mario dos Santos LIma